
Causas da Queda Capilar
A alopecia pode manifestar-se de formas variadas, desde tipos cicatriciais (com perda permanente) até não cicatriciais (potencialmente reversíveis), sendo estas últimas as mais comuns. Diversas causas contribuem para este fenômeno, incluindo fatores nutricionais, hormonais, emocionais e infecciosos, cada qual demandando abordagens específicas de tratamento e suplementação.
Deficiência Nutricional como Causa Primária
A carência de nutrientes específicos constitui um dos fatores mais negligenciados, porém fundamentais, na etiologia da queda capilar. O folículo piloso, sendo uma estrutura metabolicamente ativa, necessita de aporte constante de vitaminas, minerais e proteínas para manter seu ciclo normal de crescimento.
A deficiência de ferro representa um dos fatores mais prevalentes associados à queda capilar. Pesquisas apontam que pacientes com eflúvio telógeno comumente apresentam diminuição nos níveis de ferritina (proteína que armazena ferro no organismo), mesmo quando a hemoglobina sanguínea se mantém em patamares normais5. Este achado indica que o folículo piloso pode ser particularmente sensível a quedas marginais nos estoques de ferro, manifestando disfunção mesmo antes de sinais clínicos de anemia.
O zinco, mineral essencial para a divisão celular e metabolismo proteico, também figura entre os nutrientes críticos para a saúde capilar. Sua deficiência correlaciona-se fortemente com quadros de eflúvio telógeno, prejudicando a síntese de queratina e comprometendo a estrutura dos fios5. Adicionalmente, investigações científicas revelam associação entre baixos níveis de vitamina D e queda capilar significativa, sendo este um achado consistente em grande percentual dos casos estudados5.
Para ver mais detalhes sobre os nutrientes para auxiliar pessoas com queda de cabelo leia a matéria NUTRIÇÂO CAPILAR.
Estresse e Ansiedade como Fatores Desencadeantes
O estresse crônico e a ansiedade representam importantes fatores desencadeantes e agravantes da queda capilar, sendo frequentemente subestimados tanto por pacientes quanto por profissionais de saúde.
Mecanismos Fisiopatológicos
O estresse emocional atua como potente desencadeador de queda capilar através de múltiplos mecanismos biológicos. A resposta ao estresse crônico provoca alterações hormonais significativas, elevando os níveis de cortisol e adrenalina, que por sua vez podem interromper o ciclo normal de crescimento dos fios, forçando-os prematuramente à fase telógena (queda)2. Este processo explica o fenômeno conhecido como eflúvio telógeno induzido por estresse, condição na qual grande quantidade de folículos capilares simultaneamente entra em fase de repouso e posterior queda.
Além disso, o estresse crônico promove vasoconstrição periférica, reduzindo o aporte sanguíneo ao couro cabeludo e, consequentemente, limitando o suprimento de nutrientes e oxigênio essenciais para os folículos pilosos. Esta condição pode exacerbar a queda capilar mesmo na ausência de outras causas identificáveis.
Abordagem Nutricional para Combate ao Estresse
A alimentação exerce papel fundamental tanto na modulação da resposta ao estresse quanto na saúde capilar. Uma nutrição holística, que considera o alinhamento entre corpo e mente, pode contribuir significativamente para gerenciar emoções e reduzir os impactos do estresse sobre os cabelos2. Embora os resultados da pesquisa não especifiquem nutrientes exclusivos para combater o estresse relacionado à queda capilar, evidências científicas sugerem benefícios de:
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Ômega-3: possui propriedades anti-inflamatórias e pode modular a resposta ao estresse
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Magnésio: atua no relaxamento muscular e função nervosa adequada
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Vitaminas do complexo B: particularmente B5, B6 e B12, participam da síntese de neurotransmissores relacionados ao humor e controle do estresse
A reeducação alimentar, com foco em uma dieta balanceada e rica em antioxidantes, representa estratégia fundamental para melhorar simultaneamente a resposta ao estresse e a saúde capilar2.
Vermes Intestinais e seu Impacto na Saúde Capilar
As infestações por vermes intestinais (helmintíases) constituem uma causa frequentemente negligenciada de problemas capilares, especialmente em países em desenvolvimento e regiões com condições sanitárias precárias. Mecanismos de Ação dos Parasitas na Queda Capilar.
A relação entre vermes intestinais e queda capilar ocorre principalmente por dois mecanismos distintos.
O primeiro e mais significativo é a má absorção de nutrientes essenciais. Os parasitas intestinais alimentam-se dos nutrientes ingeridos pelo hospedeiro, competindo diretamente pelo aproveitamento de vitaminas, minerais e proteínas fundamentais para a saúde capilar. Esta competição resulta em deficiências específicas, principalmente de ferro, zinco e vitaminas do complexo B, culminando em fios mais fracos, quebradiços e propensos à queda prematura.
O segundo mecanismo envolve a resposta inflamatória e imunológica desencadeada pela presença dos parasitas. A infestação por vermes provoca inflamação crônica no intestino, mobilizando recursos imunológicos que poderiam estar disponíveis para outros tecidos, incluindo o couro cabeludo. Esta inflamação sistêmica pode afetar negativamente os folículos pilosos, resultando em condições como dermatite seborreica e eflúvio telógeno.
Para fazer desparasitação busque profissionais de saúde da medicina integrativa, pois desparasitar não é tão simples. Se matar as mães e não os ovos a infestação piora. Ela deve ser repetida com intervalos corretos para que tenha um bom resultado.
Fatores Hormonais na Alopecia
Os desequilíbrios hormonais representam um dos fatores mais prevalentes e estudados na etiologia da queda capilar, manifestando-se predominantemente na forma de alopecia androgenética.
Alopecia Androgenética e Predisposição Genética
A alopecia androgenética, caracterizada pelo afinamento progressivo dos fios e diminuição da densidade capilar, apresenta forte componente genético e predominância no público masculino. Sua fisiopatologia envolve a sensibilidade aumentada dos folículos pilosos à ação da di-hidrotestosterona (DHT), metabólito da testosterona que provoca miniaturização progressiva dos folículos suscetíveis.
Além da predisposição genética, diversos fatores podem potencializar a alopecia androgenética, incluindo estresse, alimentação inadequada, ansiedade, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Estes elementos atuam como agravantes do processo, acelerando a progressão da perda capilar em indivíduos geneticamente predispostos.
Nutrição e Modulação Hormonal
Embora os resultados da pesquisa não mencionem especificamente nutrientes para questões hormonais, evidências científicas sugerem que determinados componentes alimentares podem influenciar o metabolismo hormonal, potencialmente beneficiando pacientes com alopecia androgenética:
Zinco: participa da regulação de enzimas envolvidas no metabolismo da testosterona
Ômega-3: possui propriedades anti-inflamatórias que podem modular os efeitos da DHT sobre os folículos
Vitamina D: apresenta papel regulador em diversos processos hormonais
Antioxidantes: combatem o estresse oxidativo que pode exacerbar a inflamação folicular
COVID-19 e suas Repercussões Capilares
A pandemia de COVID-19 trouxe à tona uma manifestação dermatológica previamente subestimada: a queda capilar pós-infecção. Estudos publicados entre 2020 e 2024 documentam aumento significativo na incidência de diversas formas de alopecia em pacientes recuperados da infecção pelo SARS-CoV-2.
Os mecanismos subjacentes à queda capilar pós-COVID-19 envolvem tanto o estresse físico e psicológico decorrente da doença quanto respostas inflamatórias e imunológicas específicas desencadeadas pela infecção viral.
A tempestade de citocinas característica dos casos graves pode afetar diretamente os folículos pilosos, levando à interrupção prematura do ciclo capilar.
Embora os estudos não especifiquem suplementação nutricional exclusiva para casos de alopecia pós-COVID-19, a abordagem provavelmente beneficia-se dos mesmos princípios aplicados às quedas capilares de origem inflamatória e relacionadas ao estresse, com ênfase em antioxidantes, vitaminas do complexo B e compostos anti-inflamatórios.
Hábitos de Vida e Fatores Ambientais
Diversos hábitos cotidianos podem contribuir para a queda capilar, incluindo tabagismo, consumo excessivo de álcool e alimentação desequilibrada, sedentária.
O tabaco, por exemplo, promove vasoconstrição e reduz o aporte de oxigênio aos folículos, enquanto o álcool interfere na absorção de nutrientes essenciais e pode desregular o equilíbrio hormonal.
Fatores ambientais como poluição, exposição excessiva a radiação ultravioleta e uso frequente de procedimentos químicos capilares também representam causas potenciais de enfraquecimento e queda dos fios. Estes agentes frequentemente exacerbam outras causas subjacentes, potencializando seus efeitos deletérios sobre a saúde capilar.
Conclusão
A queda capilar constitui fenômeno multifatorial cujo manejo efetivo requer compreensão ampla de suas diversas etiologias. As deficiências nutricionais, particularmente de ferro, zinco, vitaminas do complexo B e vitamina D, representam causas significativas e potencialmente tratáveis.
Estresse e a ansiedade figuram como potentes desencadeadores, atuando através de mecanismos hormonais e vasculares.
Vermes intestinais podem contribuir para a queda capilar por meio da má absorção de nutrientes e processos inflamatórios sistêmicos.
Fatores hormonais, especialmente na alopecia androgenética, demandam abordagem específica, potencialmente beneficiada por nutrientes que modulam o metabolismo hormonal.
A pandemia de COVID-19 revelou uma nova causa relevante de queda capilar, mediada por mecanismos inflamatórios e imunológicos específicos.
Hábitos de vida como tabagismo e consumo excessivo de álcool podem exacerbar qualquer tipo de alopecia. Para cada etiologia, existem nutrientes específicos que podem auxiliar no tratamento, destacando-se a importância de uma avaliação clínica completa para identificação das causas subjacentes e implementação de estratégias nutricionais personalizadas.
O tratamento eficaz da queda capilar requer abordagem integrativa, contemplando tanto a correção de deficiências nutricionais específicas quanto o manejo do estresse, tratamento de infecções e parasitoses, e modulação de fatores hormonais quando necessário. Esta perspectiva multidimensional oferece as melhores chances de recuperação e manutenção da saúde capilar a longo prazo.